Pausa e Respiro

Como dizer “não” sem culpa e construir autoconfiança

O aprendizado do sim

Você já parou para fazer a conta de quantos “sim” você disse querendo, na verdade, dizer “não”? Antes de tudo, precisamos sair desse lugar comum que trata a dificuldade de dizer “não” como um defeito ou uma fraqueza pessoal. Em alguma medida, todos nós já fomos, ou ainda somos, pessoas que têm dificuldade de recusar pedidos. Afinal, somos seres sociais, gregários, convivemos com regras e códigos de aceitação. Aprendemos desde cedo a dizer “sim”: para agradar, para manter vínculos, para evitar conflitos, para sermos aceitos. Precisamos fazer as pazes com esse lugar interno que tem dificuldade de negar, ele não é um inimigo. Ele foi moldado pela convivência, pela cultura, pela necessidade de pertencimento.

Mas é preciso ir além

É preciso reconhecer que, em muitos casos, dizer “não” é um gesto de autopreservação. Aprender a colocá-lo com firmeza e amorosidade é um dos maiores sinais de maturidade emocional. E mais: é uma habilidade que pode ser desenvolvida ao longo da vida. O problema não está no outro que “pede demais”. Porque o que o outro faz está fora do seu controle. O que a dificuldade em dizer “não” revela é que você ainda não aprendeu a proteger seus limites internos. Falta uma voz de autoridade dentro de você que funcione melhor.

A importância de construir autoconfiança

Toda vez que você se trai, mesmo que em nome da harmonia externa, algo em você se rompe. Você mina a sua autoconfiança e, automaticamente, enfraquece sua autoestima. O “sim” que você diz querendo dizer “não” custa muito caro. É urgente desconstruir o papel da “boazinha” ou do “bonzinho” que a sociedade impõe. A disponibilidade constante não faz de você uma pessoa melhor, faz de você uma pessoa esgotada.

Vamos refletir juntas: Para o bom funcionamento de uma sociedade, é melhor que as pessoas sejam sempre servis e agradáveis ou autênticas e verdadeiras? Quanto a sua permissividade tem custado?

A pesquisadora americana Brené Brown, em seu livro A Coragem de Ser Imperfeito, afirma:

“A autoaceitação é fundamental porque, quando conseguimos ser compreensivos conosco, ficamos mais propensos a nos expressar, nos abrir com alguém e experimentar afeto e empatia.”

E para construir essa autoaceitação, você vai precisar nutrir a confiança interna: aquela que só se fortalece quando você honra suas escolhas, sua verdade e seus limites. É olhando para dentro que você descobre quem é, além dos papéis que a sociedade exigiu.

É assim que você amplia a sua capacidade de expressar o que realmente pulsa e o “não” começa a sair com mais facilidade e verdade.

3 práticas para dizer “não” com mais presença e leveza

1. Não dê respostas imediatas.
Use frases como:
– “Vou pensar e te aviso.”
– “Deixa-me checar minha agenda e te retorno.”
– “Preciso ver como está minha energia para isso.”

Elas criam um espaço interno de avaliação honesta com você mesma, antes do impulso de agradar.

2. Ensaie “nãos” com amorosidade.
Crie frases suas, que mantenham o limite sem soar frias:
– “Eu adoraria, mas por enquanto não posso.”
– “Isso está além do que posso oferecer com presença.”

O tom firme com cuidado é mais poderoso que a rigidez defensiva.

3. Tenha como âncora a lembrança de um “sim” que doeu.
Não para se culpar, mas para se lembrar do que aprendeu. Um “sim” forçado pode ser o alerta mais claro de que é hora de se escolher.

É preciso saber dizer “não” para honrar o propósito maior da sua existência: você mesma(o).

Psicóloga, escritora e professora, convida a pequenas pausas com grandes sentidos para nutrir o bem-estar e cultivar equilíbrio emocional.

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