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Casa da Ponte reabre casarão no Pelourinho como polo de música e cultura

Após quase dois anos de restauro, o casarão do século XVIII abre as portas para o público em um novo capítulo da história musical e cultural de Salvador. O espaço, tombado pelo Iphan, será a sede da Orquestra Afrosinfônica, do Núcleo Moderno de Música e de projetos sociais idealizados pelo maestro Ubiratan Marques.

Um novo marco no Centro Histórico de Salvador

No coração do Pelourinho, a Casa da Ponte ganha vida em um casarão do século XVIII totalmente recuperado. O imóvel de 862 m², tombado pelo Iphan e localizado de frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, passa a abrigar atividades artísticas, educativas e sociais que unem o passado e o presente da música afro-baiana.

Maestro Bira Marques/Crédito: Pedro Soares

A inauguração oficial acontece no dia 13 de outubro, a partir das 17h, em evento para convidados. A casa será a sede da Orquestra Afrosinfônica, da escola Núcleo Moderno de Música e do projeto Ponte para as Comunidades, todos idealizados pelo maestro Ubiratan Marques.

Arquitetura preservada e espaços multifuncionais

O restauro do casarão seguiu a tendência de retrofit, mantendo a estrutura original e adaptando os ambientes para a nova fase. O espaço agora conta com salas de ensaio, estúdio de gravação, espaços de aula coletiva e individual, salas administrativas e área externa com vista para a Baía de Todos os Santos, onde será construído um deck com café e palco para apresentações.

“Esta casa não foi construída para pessoas como nós, mas por pessoas como nós, pelos nossos ancestrais. Agora ela volta a ser ocupada por um projeto voltado à população negra”, afirma o maestro Ubiratan Marques.

De escola à orquestra: o nascimento da Casa da Ponte

O Núcleo Moderno de Música foi o ponto de partida da história da Casa da Ponte. Criado em 2009 por Ubiratan Marques e Gilberto Santiago, o projeto funcionava no mesmo casarão antes da reforma, e foi o berço da Orquestra Afrosinfônica. Desde então, o espaço vem formando músicos, produzindo ensaios e gravações de álbuns como Branco e Dois.

Hoje, o Núcleo oferece cursos de iniciação, qualificação e especialização musical, com foco em educação, técnica e identidade afro-brasileira.

Parcerias e encontros marcantes

A Casa da Ponte já recebeu nomes como Marisa Monte, Gerônimo, Lazzo, Mateus Aleluia e BaianaSystem. O maestro Ubiratan Marques também é responsável pelos arranjos da Afrosinfônica em projetos com Maria Bethânia, Carlinhos Brown e Gilberto Gil, consolidando sua contribuição para a música brasileira contemporânea.

Projeto Ponte para a Comunidade: música como inclusão

Além do trabalho artístico, a Casa da Ponte atua como organização sociocultural. Em 2024, o projeto Ponte para a Comunidade formou oito Orquestras Afrobaianas em parceria com instituições como Ilê Aiyê, Olodum, Didá e Pracatum. A iniciativa beneficiou mais de 1.500 alunos em polos espalhados por Salvador, promovendo educação musical e fortalecimento das identidades afrodescendentes.

Agenda cultural e nova fase

Com a reabertura do casarão, a Casa da Ponte prepara uma programação contínua de concertos, ensaios abertos e espetáculos musicais. Em dezembro, a Orquestra Afrosinfônica inicia uma série de apresentações nas escadarias da Fundação Jorge Amado, reforçando o compromisso da instituição em ocupar o Pelourinho com arte e ancestralidade.

Fotos: Pedro Soares

Jornalista e curadora de experiências, apresento lugares, sabores e histórias que merecem ser vivenciadas e compartilhadas. Conteúdo com propósito e autenticidade.

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