Provei e Aprovei

Por que todo mundo quer ser crítico gastronômico sem ter o preparo necessário?

Na era digital das opiniões rasas, a crítica gastronômica exige muito mais do que fotos bonitas e publicações empolgadas.

Nos últimos tempos, virou moda se autointitular crítico gastronômico nas redes sociais. Basta um celular, uma boa foto e pronto: lá está alguém opinando sobre um prato como se tivesse anos de estudo e vivência no assunto. Mas por que tanta gente se sente no direito de ocupar esse lugar, mesmo sem conhecimento técnico, formação ou experiência real?

A verdade é que a crítica gastronômica de verdade vai muito além do “gostei” ou “não gostei”. Ela exige preparo. Envolve olhar técnico, conhecimento de ingredientes, técnicas de preparo, referências culturais e história da gastronomia. Um crítico de fato sabe diferenciar um ponto de cocção, reconhecer uma boa harmonização e perceber a intenção por trás de um prato. Isso não se aprende da noite para o dia, nem com meia dúzia de jantares.

Experiência conta — e muito

Ter comido em muitos lugares não é o mesmo que entender de gastronomia. Para fazer uma análise justa, é preciso vivência na cozinha, muita leitura, noções de técnicas e química dos alimentos e, claro, respeito pelo trabalho de quem está ali, muitas vezes se desdobrando para fazer acontecer. A formação também conta — e não falo só da acadêmica, mas da trajetória pessoal, do olhar curioso, do paladar treinado com o tempo, que não retrocede.

Quando o palco é o feed e não a cozinha

As redes deram voz a todos, o que é ótimo. Mas também criaram um ambiente onde, muitas vezes, vale mais o número de seguidores do que o conhecimento. Vemos pessoas se dizendo “críticos” em troca de pratos gratuitos, fazendo elogios rasos e genéricos para agradar ao chef, ao assessor do restaurante ou ao algoritmo. Como alguém pode aprovar tudo o que prova? Fica a dúvida: é sinceridade ou marketing?

O tal glamour

Muita gente se encanta com o status. Parece chique, né? Avaliar restaurantes, ter certa influência, ser notado. Só que esse papel carrega uma responsabilidade enorme — que muitos não têm. E quando falta base, fica evidente. Especialmente fora das redes, quando a pessoa não sabe nem diferenciar cortes de carne ou explicar a diferença entre um molho e outro.

Opinião não é crítica — e tudo bem

Todo mundo tem o direito de dizer se gostou ou não gostou de uma comida. Isso é opinião, é pessoal, é legítimo. O que não dá é apresentar isso como se fosse uma análise profissional. Uma crítica verdadeira exige conhecimento, prática e, principalmente, ética.

No meu caso, nunca me apresentei como crítica gastronômica. Eu sou uma apreciadora de boas experiências. Gosto de comer bem, de viver bem, de compartilhar o que me encanta e agrada — com sinceridade, sempre.

Jornalista e profissional multifacetada, com uma trajetória sólida que transita entre o mundo corporativo, o empreendedorismo e a criação de conteúdo, marcada por um olhar apurado e uma curadoria refinada. Com experiência em comunicação, é reconhecida por conectar marcas e pessoas por meio de experiências autênticas. Apresenta lugares, sabores e histórias que merecem ser valorizados. Mais do que dicas, entrega conteúdo com propósito.

Um comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Usamos cookies para melhorar sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com nossa Política de Privacidade.