
Skincare em crianças: alerta para os riscos da adultização precoce
Vivemos um momento peculiar da sociedade contemporânea: enquanto observamos a adultização das crianças em diversos aspectos (inclusive nos cuidados com a pele), ao mesmo tempo testemunhamos a infantilização dos adultos.
Embora este último fenômeno mereça uma análise à parte, hoje o foco é um alerta importante: crianças não devem usar produtos cosméticos desenvolvidos para adultos, e os responsáveis precisam entender os riscos envolvidos nessa prática.
Nas redes sociais, vídeos com a hashtag “skincare for kids” se multiplicam. Crianças e pré-adolescentes aparecem em tutoriais de rotinas de cuidados com a pele e maquiagem, reproduzindo comportamentos adultos muitas vezes sem compreender os perigos envolvidos. Os chamados skinfluencers, influenciadores focados nesse universo, têm causado preocupação entre dermatologistas. Seu impacto vai além do entretenimento: moldam comportamentos de consumo e reforçam padrões estéticos incompatíveis com essa fase da vida.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) já se posicionou sobre o tema. A instituição divulgou orientações claras sobre o que é recomendado e o que representa risco quando se trata da saúde da pele em crianças e adolescentes. O uso de cosméticos sem indicação médica, sobretudo aqueles com ativos destinados a adultos, é desaconselhado.
É fundamental que pais e responsáveis compreendam: skincare não é brinquedo. Muitos produtos usados por crianças influenciadas por vídeos online contêm ativos impróprios para sua pele, como:
• Anti-idade e anti-rugas: desnecessários e potencialmente irritantes
• Clareadores: podem causar despigmentação inadequada
• Ácidos diversos: provocam irritação, descamação e reações alérgicas
• Altas concentrações: incompatíveis com a sensibilidade cutânea nessa faixa etária
Quando existe uma real necessidade de cuidado, a consulta com um dermatologista é indispensável. Esse profissional pode orientar o uso de produtos seguros, formulados para atender às características específicas da pele jovem.
Os pilares fundamentais são simples e suficientes:
- Higienizar com sabonetes e géis suaves
- Proteger com protetor solar adequado à idade
- Hidratar com loções formuladas para peles sensíveis
- Cuidar de eventuais necessidades específicas, sempre com orientação médica
Há marcas reconhecidas que desenvolvem linhas seguras para diferentes faixas etárias, mas ainda assim, o uso deve ser supervisionado. A orientação profissional garante que cada produto atenda a critérios de segurança e eficácia para a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra.
Mais do que uma questão dermatológica, esse tema envolve também aspectos emocionais e sociais. Estimular o uso precoce de cosméticos pode trazer consequências como:
• Problemas de autoestima e insegurança precoce
• Distorção da autoimagem e comparação constante
• Hábitos de consumo impulsivo
• Pressões sociais desnecessárias sobre aparência
Por isso, alguns cuidados básicos são indispensáveis:
• Supervisionar o conteúdo consumido nas redes sociais
• Conversar abertamente sobre os riscos do uso inadequado de cosméticos
• Ensinar sobre autoestima e beleza natural
• Buscar orientação profissional antes de introduzir qualquer produto
• Estabelecer limites claros sobre compras e uso
A “moda” do skincare nessa fase da vida é mais que uma tendência passageira. É reflexo de uma adultização precoce que precisa ser vista com atenção e responsabilidade. Como adultos, cabe a nós proteger as crianças dos riscos desnecessários, priorizando sua saúde e bem-estar acima das pressões do consumo e da estética digital.
Lembre-se: a pele saudável de uma criança precisa apenas de cuidados básicos, adequados à sua idade. Qualquer necessidade além disso deve ser avaliada por um dermatologista.
Este artigo tem caráter educativo e não substitui a consulta médica. Sempre procure orientação profissional para cuidados específicos com a pele.
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