Cinco lições que Iris Apfel nos deixou: moda, autenticidade e ousadia além do tempo

Iris Apfel não foi apenas um ícone de estilo: foi um exemplo de autenticidade e ousadia que atravessou gerações. Nascida em 29 de agosto de 1921, no Queens, Nova York, filha de uma dona de boutique e de um comerciante de antiguidades, Iris cresceu entre tecidos, cores e peças raras — elementos que definiram sua trajetória pessoal e profissional.

Formada em história da arte pela Universidade de Nova York e pela Universidade de Wisconsin, ela começou como office girl no jornal Women’s Wear Daily, alimentando desde cedo sua paixão pela moda. Mas foi na decoração de interiores, ao lado de seu marido e sócio Carl Apfel, que encontrou seu caminho: fundaram juntos, em 1950, a Old World Weavers, especializada na restauração de tecidos e móveis. Esse trabalho a levou a contribuir com projetos na Casa Branca para nove presidentes, de Truman a Clinton.

A grande virada de Iris no imaginário popular aconteceu em 2005, quando Harold Koda, curador do Met’s Costume Institute, a convidou para expor sua coleção pessoal no Metropolitan Museum of Art. A mostra “Rara Avis: Selections from the Iris Apfel Collection” foi a primeira dedicada a uma pessoa viva que não fosse designer de moda, destacando sua liberdade e sua habilidade única de combinar peças de alta-costura e achados de brechó.

Esses momentos ajudam a entender as lições fundamentais que Iris Apfel nos deixou — lições que transcendem a moda e tocam a forma como cada um de nós pode se expressar no mundo.

1. Estilo é sobre autenticidade

Iris sempre defendeu que o estilo é um reflexo de quem somos. Essa convicção a acompanhou desde jovem, quando, nos anos 1940, insistiu em usar calças jeans masculinas em uma época em que não existiam modelos femininos. Foi um gesto de liberdade e afirmação, que se tornou ainda mais claro em sua coleção de roupas e acessórios exposta no Met, mostrando que a originalidade não segue padrões.

Um momento decisivo para ela aconteceu quando era jovem e estava comprando roupas na Loehmann’s, uma loja conhecida por oferecer peças de grife a preços acessíveis. Mrs. Loehmann, a fundadora, a observou e disse:

“Moça, eu estive observando você. Você não é bonita e nunca será bonita. Mas isso não importa. Você tem algo muito melhor: você tem estilo.”

Esse comentário teve um impacto profundo em Iris, reforçando sua confiança em desenvolver uma estética única, independente dos padrões convencionais de beleza. Ela frequentemente citava essa experiência como um divisor de águas, que a inspirou a abraçar sua individualidade e a se tornar um ícone de estilo mundialmente reconhecido.

2. Não tenha medo de ousar

Ao longo de sua vida, Iris manteve a coragem de se expressar do seu jeito, sem se preocupar com regras. Aos 90 anos, criou uma linha de maquiagem para a MAC Cosmetics, cheia de cores intensas, e aos 97 assinou um contrato com a agência IMG Models, mostrando que a criatividade não tem prazo de validade. Ela própria admitia:
“Eu não tenho regras, pois só as quebraria, então é tempo desperdiçado.”

3. A curiosidade mantém você jovem

Iris manteve o interesse constante pelo novo: adorava descobrir tecidos em mercados ao redor do mundo e garimpar peças vintage em feiras. Essa curiosidade não diminuiu com o tempo e a acompanhou até seus 102 anos. Ela também publicou livros, lançou uma linha de óculos com a Zenni Eyewear e, aos 96, foi homenageada pela Mattel com uma Barbie inspirada em seu estilo único — a pessoa mais velha a ter esse reconhecimento.

4. O humor é essencial

Iris sempre acreditou que a moda deveria ser leve e divertida.

“Eu gosto de improvisar como se estivesse tocando jazz.”

“É muito melhor estar feliz do que bem vestido.”

Essa visão, presente também no documentário Iris (2014), ajudou a transformar seu jeito de se vestir em um convite para as pessoas explorarem seu próprio estilo sem medo.

5. O mais importante é o legado que você deixa

Mais do que as roupas ou acessórios, Iris Apfel nos deixou o legado de que cada pessoa tem o direito de se expressar como quiser. Seja ao trabalhar na Casa Branca, ao ter sua coleção no Met ou ao lançar colaborações de maquiagem e acessórios, Iris mostrou que a moda pode ser ferramenta de identidade — e que viver fiel a si mesmo é o maior sinal de elegância.

“Eu não dou a mínima em ir para uma festa ou estar em uma festa, só em me vestir para uma festa. E é aí que está a poesia.”

Iris Apfel faleceu em 1º de março de 2024, aos 102 anos, deixando muito mais do que um guarda-roupa cheio de cores: deixou um convite permanente para que cada um de nós seja, de fato, quem quer ser — com liberdade e coragem, sem regras, apenas com a poesia de viver.

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