
Met Gala 2025 celebra a moda negra com protagonismo e reverência histórica
A edição de 2025 do Met Gala marcou uma virada simbólica ao homenagear a moda negra com o tema “Superfine: Tailoring Black Style”. Com curadoria da professora Monica L. Miller e direção de arte da artista Torkwase Dyson, a exposição associada à gala mergulha na estética do black dandy — homem negro elegante que, desde o século XVIII, utiliza a roupa como ferramenta de afirmação em sociedades que historicamente negam sua humanidade. Ao dividir a mostra em 12 núcleos temáticos, o Instituto do Traje do Met construiu um novo olhar sobre a moda negra: não como coadjuvante, mas como linguagem central de identidade e resistência.
O dress code “Tailored for You” provocou convidados a traduzirem, em alfaiataria, as camadas políticas e simbólicas desse estilo. A escolha do tema não apenas reverenciou a sofisticação da moda negra, mas também expôs o peso histórico que recai sobre corpos pretos ao se vestirem para o mundo. Para muitas pessoas negras, vestir-se com elegância nunca foi apenas uma questão de gosto ou vaidade: é um gesto de proteção e acesso, uma resposta ao olhar racista que ainda julga, exclui e suspeita. A alfaiataria — tradicionalmente símbolo de poder — torna-se, nesse contexto, ferramenta de sobrevivência e legitimidade.
A presença de anfitriões como Colman Domingo, A$AP Rocky, Pharrell Williams e Lewis Hamilton, além do envolvimento de instituições negras como a Perry Foundation, fortaleceu a narrativa de protagonismo. O comitê do evento contou ainda com nomes como Dapper Dan, Spike Lee e Chimamanda Ngozi Adichie, representando diferentes gerações que transformaram a relação entre moda e identidade negra. Ao reunir arte, estilo e memória diaspórica, o Met Gala de 2025 criou uma ponte entre o passado invisibilizado e um presente que exige reparação simbólica.
Mais do que uma celebração estética, esta edição do baile evidenciou como o corpo negro continua sendo politizado — mesmo quando envergando tecidos finos. Ao reconhecer que a elegância pode ser também um gesto de resistência, o Met legitima a moda negra como potência criadora e histórica. Em tempos em que ainda se espera das pessoas negras uma “aparência impecável” para serem respeitadas, o Met Gala 2025 nos lembra que estilo, para muitos, nunca foi só escolha: foi escudo.
Crédito: Redes sociais da Louis Vuitton
